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Em um movimento que gerou reações, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, sem corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Essa decisão implica que, a partir do próximo ano, pessoas que recebem até dois salários mínimos perderão a isenção anteriormente concedida.
Conforme o projeto econômico, o salário mínimo está programado para subir de R$ 1.412 para R$ 1.509 em 2025. Porém, a faixa de isenção do imposto permanecerá em R$ 2.824. Isso afeta diretamente os contribuintes, pois aqueles que ganharem o dobro do salário mínimo, ou seja, R$ 3.018, estarão sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda.
Por que o Governo Optou por Não Atualizar a Tabela do IRPF?
A falta de atualização da tabela do Imposto de Renda significa um aumento na receita esperada para 2025, o que é essencial para os planos orçamentários do governo. Essa decisão vem na esteira de uma série de críticas enfrentadas por Lula no início do ano, acerca da definição da faixa de isenção para renda de até R$ 2.112. Inicialmente, isso causou um grande descontentamento, levando a elevações posteriores até atingir o patamar atual.
O presidente da Unafisco, Mauro Silva, perscruta que a ausência de correção da tabela do Imposto de Renda penaliza a classe média, ao mesmo tempo, em que deixa de cobrar proporcionalmente mais dos contribuintes com maior capacidade contributiva. Silva aponta que tal situação gera uma arrecadação indevida, pois a arrecadação deve respeitar a capacidade financeira dos contribuintes.
Qual o Impacto Econômico Para a Classe Média?
A decisão do governo tem implicações profundas para a classe média. Esta faixa da população, cujos rendimentos muitas vezes são ajustados com base no salário mínimo, enfrenta agora o desafio de pagar impostos que outrora não eram devidos. A narrativa de Mauro Silva realça que, ao não ajustar a tabela, o governo arrecada significativamente mais da classe média, deixando de abordar de maneira equitativa as camadas mais abastadas.
Como cenário, uma inflação de 4% ao ano para 2025 poderia agregar mais R$ 8 bilhões em impostos arrecadados da classe média, segundo Silva. Cada ponto percentual adicional representaria mais R$ 2 bilhões para os cofres públicos.
A Relevância do Salário Mínimo no Orçamento
O salário mínimo é um componente vital no cálculo do orçamento, especialmente por influenciar diretamente programas sociais e benefícios como aposentadorias e pensões. A política de valorização desse valor considera a variação do INPC e o crescimento do teto do PIB de dois anos anteriores. Essa abordagem assegura um crescimento do poder aquisitivo real dos beneficiários em relação à inflação oficial, medida pelo IPCA.
Com o novo mínimo projetado para 2025 (R$ 1.509), vislumbra-se um crescimento acumulado de 1.247,3% no salário mínimo desde 1996, contrastando significativamente com um aumento inflacionário de 423,6% no mesmo período.
Desafios e Perspectivas Futuras
A correção da tabela do Imposto de Renda figura como uma promessa de campanha de 2022 para Lula, que objetivava elevar o limite de isenção para R$ 5.000 até o fim do mandato. Entretanto, para executar essa meta, o governo precisará buscar estratégias de compensação, já que qualquer ajuste demandará medidas que equilibrem o impacto fiscal derivado da maior isenção.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, mencionou que um ajuste da tabela, se realizado, deverá levar em consideração a necessidade de medidas compensatórias para manter o equilíbrio fiscal. Essa abordagem busca alinhar os objetivos sociais do governo com uma gestão responsável das contas públicas.
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