Em 22 dias, seca pode isolar Manaus por via fluvial

O governo federal vê risco de a seca que atinge a Amazônia baixar o nível dos rios a ponto de isolar Manaus do ponto de vista logístico – ou seja, deixar impossível o transporte de mercadorias por via fluvial até a capital do Amazonas, de 2,3 milhões de habitantes. A situação foi discutida entre técnicos ontem no Palácio do Planalto. Segundo apurou o Broadcast Político, serviço de informação online do Grupo Estado, foi apresentada uma projeção de que esse nível pode ser atingido dentro de 22 dias.

 

A principal preocupação é com a estocagem de combustíveis – outros itens essenciais, mas menos volumosos, como remédios, poderiam ser transportados de avião em caso de emergência. Uma possibilidade seria levar combustíveis até Itacoatiara (AM), que fica mais próxima da foz do Amazonas que Manaus e tem acesso à capital do Estado por via terrestre. O trajeto do mar até a cidade pelo rio teria menos chances de ficar comprometido do que até a capital.

Piratas

O governo ainda se preocupa com a atividade de piratas na região. Um aumento no movimento de cargas no local poderia ser um chamariz para os criminosos. Esse foi um dos motivos de a Polícia Federal estar representada na reunião técnica desta segunda-feira, na Casa Civil, que também teve a participação do Ibama e outros órgãos.

Além disso, foi discutida a situação de navegabilidade de outros rios amazônicos, como o Madeira. O nível da água em alguns locais está tão baixo que, na avaliação de fontes ouvidas pela reportagem, nem dragagens seriam suficientes para normalizar o tráfego.

O Rio Solimões, por exemplo, chegou na sexta-feira, 30, ao menor nível da história no trecho que passa pela cidade de Tabatinga, no Amazonas, de acordo com relatório divulgado pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB). O órgão nunca havia registrado uma cota tão baixa neste mês. O relatório do SGB também aponta situação preocupante nos Rios Amazonas e Negro.

Atualmente, o problema ambiental que mais mobiliza as principais autoridades do Palácio do Planalto são os incêndios na Amazônia, no Pantanal, em São Paulo e outros lugares. Havia a expectativa de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reunir governadores na semana passada para discutir o assunto. Mas não havia sido fechada uma proposta federal para apresentar aos chefes de governo estadual. Há a expectativa de o tempo ficar mais seco nas próximas semanas, deixando o cenário ainda mais favorável para queimadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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