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O dólar fechou em queda de 0,46%, a R$ 5,64, nesta terça-feira (3), maior valor desde 6 de agosto. O movimento ocorreu em meio à crescente aversão ao risco nos mercados globais, impulsionada por indicadores econômicos dos Estados Unidos que reforçaram temores de recessão.
Investidores migraram para ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) e moedas de refúgio, como o iene japonês e o franco suíço, abandonando ações e moedas de países emergentes, incluindo o real.
Impacto dos dados econômicos
O índice de gerentes de compras (PMI) da indústria dos EUA, divulgado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), apresentou uma leve alta de 46,8 em julho para 47,2 em agosto, mas ainda abaixo das expectativas do mercado, que projetava 47,5. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade econômica, alimentando preocupações de uma possível recessão nos Estados Unidos.
Além disso, os investimentos em construção nos EUA caíram 0,3% em julho, contrariando a expectativa de alta de 0,2%. Esses fatores aumentaram o medo de uma possível recessão, contribuindo para a fuga dos investidores de mercados considerados mais arriscados.
Desempenho do real
Apesar da valorização do dólar, o real teve um desempenho relativamente melhor em comparação com outras moedas emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano. A moeda brasileira chegou a esboçar uma recuperação no início do dia, sustentada pelo crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre. O PIB avançou 1,40% em relação ao trimestre anterior, superando as previsões de mercado.
No entanto, a queda dos preços das commodities, como o minério de ferro e o petróleo, pesou contra o real. O minério de ferro recuou diante das preocupações com a economia chinesa, enquanto o petróleo caiu quase 5%.
Perspectivas para o dólar e a Selic
O aumento da incerteza econômica global e os sinais de desaceleração nos EUA levaram o mercado a aumentar as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) neste mês, com alguns analistas prevendo uma redução de até 50 pontos-base.
Por outro lado, no Brasil, o crescimento econômico surpreendente e a pressão inflacionária devem levar o Banco Central a iniciar um novo ciclo de alta da taxa Selic, com casas como Barclays e Citi revisando para cima suas projeções para o PIB e a Selic.
A combinação de cortes de juros nos EUA e alta da Selic no Brasil poderia, em teoria, fortalecer o real, tornando o país mais atraente para operações de carry trade. Contudo, a incerteza quanto ao ritmo da economia americana pode limitar esse movimento, mantendo os investidores cautelosos em relação às moedas emergentes.
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