Depois do apagão em São Paulo, causado pela tempestade da semana passada, pela incompetência da Enel e por erros repetidos da prefeitura, pesquisa Datafolha mostra que, em relação ao levantamento do dia 10, Ricardo Nunes oscilou negativamente quatro pontos percentuais, enquanto seu rival, Guilherme Boulos, manteve-se na mesma posição. As intenções são agora de 51% para Nunes e 33% para Boulos, com margem de erro de três pontos percentuais.
Ou seja, o vendaval não destelhou a candidatura do prefeito, mas gerou perdas. Entre os eleitores de Marçal, por exemplo, 77% agora declaram voto em Nunes, antes eram 84%. Dos que optaram por Tabata, ele tem 27% –antes eram 35%.
Boulos por sua vez encontra dificuldades conhecidas. Continua sem convencer, por exemplo, boa parte de quem votou em Lula em 2022. Tem 65% desse grupo, mas 26% preferem seu adversário.
O levantamento ainda não apresentou o cálculo dos votos válidos, o que será importante saber, mas na intenção espontânea, quando o eleitor não lê o nome dos candidatos, a diferença cai para 11 pontos percentuais: 41% declaram voto em Nunes, 30%, em Boulos, com 12% de indecisos e 10% de brancos ou nulos.
O primeiro Datafolha foi anterior ao início da propaganda eleitoral no segundo turno. Sendo assim, carregou muito do que aconteceu até ali. Serviria sobretudo para saber como seria a partilha dos votos dos derrotados. Depois da pesquisa, na segunda, veio o debate na Band, já sob chuvas e trovoadas.
Opinadores e analistas viram de um modo geral alguma superioridade de Boulos no enfrentamento, ao explorar a atmosfera carregada que atrapalha seu adversário. Estimou-se genericamente que a diferença não bastaria para virar o placar mostrado pelo instituto anteriormente, o que era óbvio, já que as chances de uma virada tão expressiva do eleitorado em decorrência de um primeiro debate eram próximas de zero. O que precisaria acontecer na Band para que tal reviravolta ocorresse?
Mais importante e o mais difícil seria entender como após o apagão e o debate inicial se revelaria a dinâmica dos embates do segundo turno, ou seja, como a tempestade natural e política e a propaganda gratuita se refletiriam nas intenções de voto. Para isso, só com pesquisa.
Com o Datafolha desta quinta ganhou-se uma base mais objetiva para tomar o pulso do segundo turno. Os obstáculos para Boulos continuam se mostrando imensos, agora faltando dez dias para a votação.
Nunes, como se sabe, não é um prefeito de gerar entusiasmo. Quem mora em São Paulo sabe disso muito bem. Sua gestão é avaliada como ótima ou boa por apenas um quarto dos eleitores. É grande o número dos que optam por ele apenas para evitar o que avaliam como um risco representado pelo candidato do PSOL.
Estamos alcançando a metade da campanha deste segundo round eleitoral. A munição de Boulos sobre o apagão já foi praticamente gasta.
Mesmo que venham intempéries nos próximos dias, Nunes e o governador Tarcísio de Freitas estão com os coletes e capacetes na mão. Há ainda eleitores indecisos e não se sabe se a abstenção vai se manter alta como no primeiro turno ou se irá crescer ou diminuir.
Não se vislumbra, porém, no arsenal do deputado uma arma secreta. Dia 27 as urnas enfim vão falar.
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Publicitário e Jornalista.