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Os aumentos recentes da taxa básica de juros, a Selic, e a expectativa de novas altas dificultaram a vida de quem quer adquirir bens, como casa ou carro, e serviços por meio de um financiamento. É aí que o consórcio aparece como uma alternativa interessante para atingir esse objetivo.
Principalmente em um cenário onde a Selic deve receber mais duas altas de 1 ponto percentual nas primeiras duas reuniões de 2025 e atingir o pico de 14,25% ao ano, como indicou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
Diferente dos financiamentos bancários, que com taxas altas podem dobrar — ou triplicar — o custo final, o consórcio não tem a incidência de juros mudando o valor final. Nele, você paga uma taxa administrativa, que é somada às parcelas mensais, e eventuais reajustes anuais atrelados a índices como INCC (imóveis) ou IPCA (automóveis).
As vantagens do consórcio são:
Planejamento financeiro: o consórcio possibilita uma previsão do valor final, ideal para se planejar;
Flexibilidade: é possível escolher o valor do crédito e o prazo de pagamento;
Sem entrada: diferentemente do financiamento, o consórcio não exige pagamento inicial.
Como funciona na prática?
Vamos supor que você e mais 19 pessoas querem comprar um carro de R$ 50 mil (cada um). Entrando em um consórcio, todos terão que pagar, durante 20 meses, R$ 3 mil mensalmente (ignorando o reajuste anual). No final, os participantes terão pago um total de R$ 60 mil, sendo R$ 50 pelo veículo e R$ 10 mil da taxa de administração.
A diferença é que todos os meses é convocada uma assembleia para sortear um participante para ser contemplado, que recebe o dinheiro para comprar o carro. Dessa forma, na melhor das hipóteses você pode receber o valor total do bem no primeiro mês.
Também há a possibilidade do participante antecipar a contemplação oferecendo lances, que funcionam como um leilão. O valor do lance vencedor é utilizado para amortizar parcelas. Seguindo o exemplo acima, uma pessoa que vence o leilão com R$ 15 mil recebe o crédito e depois paga o restante dos R$ 45 mil.
Só que, na prática, entram os ajustes anuais que servem para igualar o poder de compra do crédito. Por exemplo, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) reajusta o valor do consórcio de imóveis conforme a inflação do setor, garantindo que o crédito acompanhe a valorização dos bens.
Documentação e aprovação
Para entrar na modalidade, o participante deve passar por uma análise de crédito e, ao ser contemplado, terá novamente de comprovar renda e apresentar garantias. Documentação inadequada e restrições financeiras podem impedir a entrada ou utilização do crédito.
Uma vez contemplado no consórcio, o participante deve informar à administradora como utilizará a carta de crédito e reunir os documentos necessários para análise. Apenas após a aprovação dessa etapa é que o crédito será liberado.
Dicas para entrar em um consórcio
Em entrevista exclusiva ao Monitor do Mercado, Isis Barbosa, especialista em consórcios, destacou quatro dicas importantíssimas para contratar um consórcio com segurança em 2025. Vejas elas a seguir:
Pesquise administradoras autorizadas: para evitar golpes, é importante certificar de que a administradora está autorizada pelo Banco Central (BC). Segundo a especialista, a situação pode ser verificada na ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios) e no próprio BC.
Avalie a taxa de administração: nem sempre uma pequena taxa de administração é o ideal, diz Isis. Isso porque ela pode variar de acordo com a quantidade de participantes e tempo do consórcio.
Buscar profissionais que entendem sobre o assunto: uma “dica de ouro” também é procurar um especialista no assunto, que entenderá seu objetivo e te ajudará a escolher a melhor opção.
Entender as características do consórcio: outro ponto essencial para evitar frustrações é ver as características do consórcio. Para exemplificar, Barbosa explica que há modelos que aceitam apenas a compra de veículos com no máximo 5, 8 ou 10 anos, por exemplo.
Consórcio em tempos de Selic baixa
A especialista também explicou que mesmo com a taxa básica de juros baixa, a modalidade continua sendo uma boa escolha para quem deseja manter parte do patrimônio aplicado e realizar aquisições estratégicas.
Segundo ela, na pandemia, quando a Selic estava em torno de 1,5% ao ano, as pessoas tinham dificuldade de juntar dinheiro e precisaram se desfazer de imóveis e bens para ter liquidez. E o consórcio foi uma ótima maneira de adquirir crédito para aproveitar os preços abaixo do comum.
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