Oscar Wilde escreveu que um cínico sabe o preço de tudo, mas o valor de nada. “Peraí, vai traduzir assim? Eu citaria no original. Inclusive, tenho a edição que comprei num sebo em Dublin, um achadinho. Custou nem € 2.”
Já no poema em linha reta, outro que versou sobre nunca ter conhecido quem tivesse levado porrada foi… “Fernando Pessoa, claro! Ou um dos heterônimos? Hmm. Na dúvida, tanto faz. Li todos.”
Bem, na ciranda da bailarina, aquela que futucando bem não tinha nem pereba, chama a atenção… “Prefiro Bolshoi ao Royal, sabia? Talvez Edu Lobo ao Chico. E você? Não que eu me importe com sua opinião ou qualquer assunto. O que você ia dizer mesmo?”
…Que lidar com campeões da vida é isso. No Super Trunfo de nossas existências, tudo deles é sempre turbo.
Se você conta que conseguiu algo, eles comentam que também: mais barato. Melhor. Os dois. Ou com vista para o mar. “Aliás, na próxima, fala comigo antes, tá? Tenho contatos.”
Na vez deles, nada tem fila. Sobram vagas. Foi rapidinho, moleza. “Mania de ver dificuldade em tudo.” Afinal, como não competir até no otimismo? Quando a desgraça é do lado de cá, a sentença já chega com a mãozinha no ombro: “poderia ser pior”.
Suas enxaquecas, porém, atacam mais e requerem mais breus. Seus apêndices explodem mais supurados. Uma pedra? Ora, pense grande. O que esses príncipes têm nos rins é uma coleção de joias da coroa. No entanto, basta uma aguinha no rosto. Um sopro no Merthiolate. Que genética boa! Dá um beijinho que passa.
Campeões da vida jamais cortaram o dedo com papel. Dar topada besta em quina de móvel: impensável. O equilíbrio deles é perfeito, bem como tudo. Trajados de linho, não suam de calor no sovaco, nem de nervoso na testa. Andam a um palmo e meio do chão, se possível com uma meia de cada cor, adoravelmente excêntricos. Alheios à lama em que chapoletamos as chinelas de nosso ridículo.
Se seguíssemos suas dicas de ouro, certamente seríamos mais bonitos, mais fortes, mais bem sucedidos e muito mais eles. Contudo, quem são eles? Se ninguém os reposta com queixo duplo, se os filtros tapam até seus poros, que cara realmente terão? Do alto de seus pódios, ninguém os enxerga muito bem. Que eles deixem, portanto, as nossas coceiras e os nossos bigodes de groselha em paz.
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Publicitário e Jornalista.