(UOL/FOLHAPRESS) – O presidente Julio Casares, do São Paulo, classificou a fala da presidente Leila Pereira, do Palmeiras, como um descuido. O mandatário, em entrevista exclusiva à reportagem, afirmou ter ficado surpreso ao saber que a comandante alviverde classificou uma pré-temporada nos EUA como uma “viagem para dirigente passear”.
O QUE ELE FALOU?
Sem tempo para passear: “Temos (uma relação). Eu me surpreendi. Não tem mágoa nenhuma, tanto que nossa resposta foi no sentido de que não falo de outra instituição e é verdade. Tenho tantos problemas para cuidar e objetivos que não tenho tempo para passear. Sou muito ativo no que faço, por isso estou na rede social de forma ampla. Na verdade, nosso compromisso é trabalhar para o bem do futebol e eu falar de outra instituição, não estou fazendo o bem para o futebol.”
Descuido de Leila: “Acredito que foi o momento de um descuido, mas não senti esse problema para o São Paulo. Como ela generalizou que serve para ‘dirigentes passearem’, aqui tem dirigentes sérios. Estava falando com o Pedrinho, dono do Cruzeiro, o Bap que foi eleito no Flamengo, o Sérgio, presidente do Atlético-MG. O Fortaleza também fará jogo por aqui. Quem foi convidado deve ficar feliz. Nós fomos e estamos aqui. Conforme depoimento dos atletas, uma grande pré-temporada, talvez a melhor do São Paulo.”
Dinheiro em caixa: “Vejo muita gente falar que não traz dinheiro. Traz, sim. Senão, não estaríamos aqui. É importante para o mercado. Todos os clubes do mundo fazem pré-temporada e não podemos ir na contramão disso. Estou feliz, jogadores também, você viu o depoimento do Oscar que ele fala que esteve com o Chelsea e com o clube da China. É importante não só a nível de performance, mas como instituição que quer abrir seus horizontes.”
OS ANÚNCIOS DE CASARES
O mandatário também falou sobre as polêmicas de ter “furado” o São Paulo nos anúncios dos reforços Oscar e Enzo Díaz. Casares disse que a iniciativa faz aumentar o engajamento e citou uma espécie de pré-anúncio.
“Gosto de registrar fatos do dia a dia, não escondo nada. Nesse caso, na minha impressão, existe um pouco de hipocrisia. Veja bem, vamos pegar o Enzo: ele chegou em São Paulo e já foi entrevistado no aeroporto, todo mundo acompanhou exames médicos e ele já estava ajustado. Eu não fiz um anúncio, apenas falei: ‘vim com o jogador’. Contei a verdade, me viram, tiraram fotos com ele e comigo. No caso do Oscar: eu cheguei para encontrá-lo em Ourinhos e estávamos com a mesma roupa sem combinar. Brinquei que era uma coincidência”, diz.
“Já fiz um pré-levantamento: tanto no caso do Oscar quanto no caso do Enzo, o engajamento e exposição foram bem maiores porque estávamos falando muito mais disso. Falamos do meu post, agora do anúncio, depois da coletiva. Se você somar… Não fiz nada diferente. Zubeldía foi assistir o jogo comigo em Goiânia, e eu postei no avião”, prosseguiu.
O presidente relembrou um caso envolvendo Dorival Júnior. Segundo Casares, o técnico recebeu uma proposta do Corinthians logo depois de acertar com o Tricolor.
“Sou um cara de negócios, gosto de fechar e dou a mão para a pessoa. Foi assim com Dorival, Oscar, Lucas, todos. Quando você não tem contrato assinado e uma concorrência muito grande, você pode se surpreender no dia seguinte. Então, eu, além de apertar a mão, às vezes posto porque existe um comprometimento. Claro que são pessoas sérias. Quando contratamos o Dorival, saí da casa dele e, em 15 minutos, o Corinthians ligou para contratá-lo. O Dorival disse que já tinha dado a mão para mim. Faço isso também como estratégia de negócio. […] Você não vai me ver fazendo bravatas ou colocações inadequadas. Respeito muito os coirmãos, mas o maior respeito que tenho que ter é com o torcedor do São Paulo. Sou verdadeiro. Eu sou um cara ativo e talvez peque pelo excesso, mas nunca por omissão.”
CONFIRA OUTRAS RESPOSTAS DO PRESIDENTE NOS EUA:
Pré-temporada. “Acredito que uma pré-temporada do jeito que ela foi organizada é o dever de cada equipe que quer fazer treinos em condições, em uma plataforma boa, de gramado natural espetacular, de hotel com uma estrutura e logística muito grande para que você se concentre, o atleta treine em dois períodos, isolados de um momento que estava em férias. Concentrado com a equipe de nutrição, de fisiologistas, preparadores físicos, fisioterapeutas e o corpo diretivo para todos se conhecerem ainda mais.”
Quantos reforços? “Cada caso é um caso. Na vinda do Oscar, tivemos uma parceria com o patrocinador que foi fundamental. Podemos ter outras. O São Paulo é um clube que precisa vender bem jogadores – e vendemos pouco porque priorizamos a Copa do Brasil, e ganhamos. O São Paulo vê na base jogadores que estão aparecendo e temos convicção que o Zubeldía vai saber trazer a formação desse time com Oscar, Enzo Díaz e companhia com jogadores que estão aí como Hugo, Ferreira, Ryan, que vêm da base para poderem ter espaço e crescerem.”
Teto de gastos. “Quando tiver uma oportunidade que aconteça o casamento do orçamento e da possibilidade, vamos discutir, mas sem a perspectiva de vai acontecer agora ou depois. O Zubeldía sabe e tem a convicção, pelo convívio conosco, que é isso: é falar a verdade. Temos um teto junto ao fundo e estamos trabalhando para não inviabilizar que o São Paulo seja obrigado a virar uma SAF por uma dívida impagável. Vamos olhar a base e, de repente, receber um ou dois jogadores dentro desse contexto de aliar orçamento e parceiros, como foi o caso do Oscar.”
Lateral-direito. “Temos uma atenção, naturalmente. Precisávamos de lateral-esquerdo e praticamente nesta quarta-feira (15) temos dois, embora Wendell ainda tenha um processo. Na direita, temos Igor Vinícius e o Ferraresi treinando bem. Estamos olhando. O São Paulo não vai fazer contratações sem esse tripé feito: orçamento, condição de teto junto ao fundo e um parceiro para amenizar o investimento.”
Wendell. “Ele está imbuído de vir logo, nós também. Estamos conversando, mas sem desespero. Por isso trouxemos o Enzo. Wendell é importante e queremos rápido, mas não vamos cometer desatinos financeiros. Responsabilidade do dirigente é muito grande e vamos ter serenidade. Acreditamos no bom senso do pessoal do Porto, e o Wendell está cuidando também disso.”
Está dentro do FIDC. “Sim, essa é nossa luta. Fizemos reunião nesta terça-feira (14) para perseguir esse ajuste. O fundo está sendo um sucesso e está dizendo que estamos muito bem construindo os pilares. O São Paulo tem que olhar o mercado de vender atletas e a base como ação estratégica, assim com o estádio.”
WTorre. “Temos carta de intenção e nenhuma novidade consistente. Quando elas forem maduras, falaremos. Enquanto estiverem na introdução, não podemos. Nem tudo que sai nas redes sociais é verdadeiro.”
Parceria com Marinakis. “Tive três grandes momentos com Marinakis. O conheci no Brasil em reunião de quatro horas em uma conversa muito proveitosa. É um empresário milionário, mas é do futebol. Tem uma plataforma importante. É uma pessoa da bola e gosto de gente que se envolve no futebol. Depois, fui a Londres e conversamos de forma bem ampla. Quando veio Edu Gaspar, que é um grande executivo, fortaleceu também. Eu não delego para ninguém, não é ser centralizador, mas ninguém fala com Marinakis em meu nome a não ser eu. A estratégia do futebol brasileiro vai passar por uma ação inédita como estamos fazendo. E quem viver verá.”
Reunião com o Conselho. “Eu estou sempre na reunião do Conselho. No dia 28, vou falar o que existe. Até nesta quarta-feira (15), existem apenas conversas. As notícias, vou explicar aos conselheiros que estivemos conversando e até agora não temos nada. Quando tiver, eu vou levar para a casa para discutir profundamente, como todos os contratos. Temos perspectivas nesta quarta-feira (15).”
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