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Nos últimos meses, o fenômeno La Niña tem sido monitorado com atenção, mas as chances de ocorrer em 2024 são cada vez menores. A análise de dados do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) aponta para a continuidade de um estado de neutralidade nas águas do Pacífico, sem o resfriamento típico do fenômeno La Niña. Este cenário é evidenciado por um leve aquecimento das temperaturas da superfície do Oceano Pacífico observado em setembro.
Segundo Humberto Barbosa, fundador do Lapis, a consistência na condição de neutralidade precisa ser mantida para confirmar a ausência de La Niña. “Ainda não há evidências de que o fenômeno se estabeleça este ano. As temperaturas do Pacífico tropical precisam estar abaixo da média por três meses consecutivos para que a La Niña seja considerada ativa”, explicou. Enquanto isso, as águas do Atlântico Norte e algumas áreas do Pacífico Norte experimentam aquecimento significativo.
Quais são os efeitos do estado de neutralidade no clima brasileiro?
O estado de neutralidade do El Niño-Oscilação Sul (ENOS) implica que nem o El Niño, nem o La Niña estão influenciando diretamente o clima no momento. Isto resulta em temperaturas do mar próximas da média, segundo o Instituto Lapis. No entanto, esse equilíbrio nas águas do Pacífico não significa que os impactos climáticos não sejam sentidos em outras partes do Brasil.
Atualmente, a Amazônia enfrenta um risco hidrológico elevado, com rios alcançando níveis mínimos históricos. Regiões do Centro-Oeste e Sul do Brasil estão passando por secas severas, o que intensifica as queimadas, um problema crônico agravado pela atividade humana. Além disso, o atraso do La Niña pode resultar em um verão mais quente do que o normal, o que preocupa especialistas e a população.
La Niña: Um Fenômeno de Difícil Previsão?
Segundo Humberto Barbosa, prever a chegada do fenômeno La Niña, especialmente quando de intensidade fraca, é um desafio. Existem três fatores críticos que complicam essa previsão:
Intensidade Incomum: La Niña forte é mais previsível do que eventos fracos.
Acontecimentos Atmosféricos: Oscilações atmosféricas de curto prazo, como a Oscilação Madden-Julian, podem impactar as previsões.
Condições Oceânicas Inéditas: As condições oceânicas observadas atualmente nunca haviam sido registradas antes, o que torna previsões baseadas em eventos passados menos confiáveis.
Quais são os riscos de um verão mais quente do que o normal?
Com o atraso do fenômeno La Niña, espera-se para 2024 um verão com temperaturas superiores à média. Este aquecimento potencial pode ter diversos impactos, principalmente em áreas já suscetíveis à seca, como as regiões do Centro-Oeste do Brasil. Com temperaturas mais altas, a evapotranspiração aumenta, agravando a condição dos solos e comprometendo o ciclo das águas nos rios.
Além disso, um verão mais quente é um campo fértil para a ampliação de queimadas, especialmente em biomas altamente inflamáveis. A atenção ao monitoramento das condições climáticas torna-se imprescindível para preparar ações de mitigação de impactos.
La Niña e o Clima: O Que Aprendemos Com o Passado?
Embora as condições atuais sejam inéditas, estudar eventos passados de La Niña e El Niño proporciona uma visão sobre possíveis cenários futuros. Historicamente, o La Niña está associado ao aumento das chuvas em determinadas regiões, enquanto outras podem experimentar secas mais severas. Este conhecimento é vital para desenvolver estratégias de adaptação e mitigação em face das mudanças climáticas.
É importante entender que os fenômenos climáticos, como La Niña e El Niño, são complexos e requerem análises detalhadas para prever seus impactos. Enquanto 2024 avança, a atenção dos meteorologistas e especialistas climáticos continuará voltada para os comportamentos oceânicos e atmosféricos, essencial para a construção de estratégias que possam proteger povoações e ecossistemas vulneráveis.
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