‘Elites dominantes impediram o Brasil de ficar rico’, diz economista



Quando analisam as implicações das novas tecnologias, Acemoglu, Robinson e Johnson estão preocupados com o poder que isso pode gerar para as empresas de tecnologia. Mas também tentam entender as elites tradicionais, dos setores econômicos tradicionais, as elites coronelistas, que conhecemos bem, e são fatores de atraso político, social e econômico.

Manter a desigualdade social e econômica é, em resumo, a expressão prática desse objetivo das elites em conservar poder, relativamente ao resto da população?

É interessante observar que, em várias instâncias, como na questão da distribuição dos impostos, a elite também se beneficiaria se o país fosse mais instruído, mais produtivo, com menos criminalidade, enfim, mais igualitário. No final, se isso ocorresse, também a elite pagaria menos impostos, porque todos seriam mais ricos e contribuíram mais, ou seria menos pressionada a pagar mais impostos, e viveria num lugar menos perigoso, com menos criminalidade.

Historicamente, porém, não há dúvida de que, mesmo podendo se beneficiar mais com instituições mais inclusivas, a elite, nos lugares em que as instituições são extrativas, sempre preferiu manter recursos concentrados em suas mãos.

Tem como reverter essa situação?

O Brasil mudou nos últimos 30 anos. Foi criado o SUS (Sistema Único de Saúde), foram introduzidas as cotas nas universidades públicas, universalizou-se o ensino fundamental, implantou-se o Bolsa Família. É uma mudança lenta, ainda há resistências, mas houve progressos. Hoje o copo está meio cheio e meio vazio.



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