Em testamento, Zagallo pediu amizade dos filhos, em guerra por herança



Mais de 40 anos depois, Zagallo assinou um novo testamento, em 2016, mesmo ano em que perdeu a esposa e mãe de seus filhos. Na ocasião, a relação entre os herdeiros já havia ruído, segundo fontes próximas à família ouvidas pela coluna. Dinheiro, problemas familiares individuais e a herança do pai, um dos maiores nomes da história do futebol brasileiro, foram as causas. Justamente o contrário do que queria o Velho Lobo.

Ainda no primeiro testamento, ele pediu que seus sucessores “se abstenham de dar fiança ou aval em benefício de terceiros, assumir encargos que pudessem prejudicar o acervo patrimonial da família ou de cada um, evitando desta forma o surgimento de ingratidões, decepções e inimizades”.

Essas foram justamente as causas das brigas entre os filhos, segundo constam em informações em um processo do inventário do Velho Lobo, que corre em segredo de Justiça no Rio de Janeiro. Três irmãos — Maria Emília, Maria Cristina e Paulo Jorge — acusam o caçula, Mario Cesar, de comportamento controverso que gerou rusga entre toda a família.

Eles dizem que o irmão mais novo passou a dificultar o acesso dos irmãos ao pai, tendo excluído os três de qualquer acesso ao condomínio do Velho Lobo. Para Maria Emília, Maria Cristina e Paulo Jorge, o caçula se valeu de mecanismos escusos e moralmente reprováveis para os distanciar do ex-técnico da seleção, manipulando-o para escrever um novo testamento que resguardava o caçula por completo.

Trechos como “(Zagallo) declara que essa escritura é feita sem qualquer tipo de constrangimento ou coação, de plena consciência e com o intuito de evitar futuros transtornos para seu filho (Mario Cesar)”, “questão de absoluta confiança”, “e por ter confiança absoluta no seu filho (Mario Cesar), e somente nele” e “que este filho é seu braço direito e merece sua total confiança” foram destacados pelos irmãos para comprovar que o caçula realizou uma manobra para evitar futuras contestações.

Para eles, existiu fraude na escritura do novo testamento, com a inclusão de uma blindagem ao filho inventariante, fugindo totalmente à praxe jurídica. No testamento, ainda é dito que Mario Cesar poderia movimentar todas as contas bancárias e de investimentos de Zagallo, sendo que todas as operações seriam “de seu conhecimento e principalmente a seu mando, que seu filho sempre lhe presta contas e lhe mantém informado, sendo todas as retiradas para seu exclusivo proveito, seja para manutenção do lar”.





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