A seleção brasileira melhorou na goleada por 4 a 0 sobre o Peru, mas nem tanto. A fragilidade do adversário e o questionável pênalti no final do primeiro tempo, quando o jogo estava 0 a 0 e o Brasil atuava muito mal, foram decisivos para a goleada e a boa atuação na etapa final.
Existem várias maneiras de jogar bem e de vencer. A Argentina e a Colômbia, no momento as duas melhores seleções sul-americanas, a Espanha, campeã da Europa, o Real Madrid, também campeão europeu, e outras grandes equipes atuam diferentemente da seleção brasileira. Jogam com um trio no meio-campo formado por um volante pelo centro, que marca e inicia as jogadas ofensivas, e um meio-campista de cada lado, que joga de uma intermediária à outra. Quanto mais essas equipes pressionam na marcação, mais os dois meio-campistas estão perto da área adversária.
O time brasileiro deixa muitos espaços no meio, com uma grande separação entre os dois volantes e os quatro à frente. Se Dorival Júnior escalasse a seleção com um trio no meio-campo, seria chamado de retranqueiro e acusado de colocar três volantes. Bastaria Raphinha recuar dois passos e Gerson adiantar dois para eles ficarem mais próximos. Está na hora de o futebol brasileiro se libertar da rígida e antiga estrutura tática de separar as posições e funções dos camisas 5, 8, 9 e 10.
Há tempos escrevo que houve no futebol brasileiro uma divisão no meio-campo entre os volantes que marcam e os meias que atacam. Desapareceram os grandes meio-campistas que marcam e atacam. Muitos deles passaram a jogar mais no ataque, pelo centro e pelas pontas. É preciso também fazer o inverso, adaptar pontas hábeis, dribladores, para atuar no meio-campo. Eles terão mais condições de sair das duras marcações com dribles e rápidas trocas de passes.
Foi o que fez Dorival Júnior ao deslocar Gerson e Raphinha, que quase sempre jogaram pelas pontas, para o centro do campo, um mais recuado e outro mais adiantado. Não há ainda certeza se vão continuar bem na seleção, mas são esperanças.
O futebol brasileiro deveria parar de rotular jogadores e treinadores a cada partida. O jovem Endrick, tratado como um fenômeno após belos momentos, passou a ser ignorado, criticado. Ele é uma grande promessa. Ninguém é craque antes de ser.
Fla-Flu
Pelo Brasileirão, no Maracanã, com os dois times bastante desfalcados, o Flu ganhou do Fla por 2 a 0 com mais um recital de Ganso.
Em 1963, com 16 anos, eu já era titular do Cruzeiro. Junto com alguns companheiros do bairro, mais ou menos da mesma idade, pegamos um ônibus para o Rio de Janeiro para assistir ao Fla-Flu, decisão do Campeonato Carioca, no Maracanã. Foi o maior público total, 194 mil, da história do futebol de jogos entre clubes. Ficamos no meio da galera. Terminou 0 a 0, e o Flamengo foi campeão, graças às grandes defesas do mineiro Marcial. Muito tempo depois, encontrei-me com Marcial no hospital, onde trabalhávamos como médicos.
Em 1969, também no Maracanã, joguei na partida de maior público pagante da história do futebol, 183 mil, na vitória por 1 a 0 do Brasil sobre o Paraguai, que deu classificação ao Brasil para a Copa de 1970. Todo encontro é um reencontro com algo que vivemos ou imaginamos.
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Publicitário e Jornalista.