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A crise financeira no agronegócio brasileiro parece longe de acabar e o novo capítulo traz a recuperação judicial do Grupo Terra Fértil. A empresa sediada em Água Boa (MT) teve o seu pedido aprovado pela 4ª Vara Cível de Rondonópolis, apontando uma dívida acumulada de R$ 181,1 milhões.
Ao longo dos seus 23 anos, o grupo comandado pela família Andriollo passou por uma série de crises em meio às mudanças no cenário macroeconômico e também por condições climáticas adversas. O negócio familiar tem foco na produção de soja, milho e gergelim e integração lavoura-pecuária (ILP) para engorda de gado bovino.
Maior seca da história em Mato Grosso influenciou recuperação judicial
No segundo semestre do ano passado, Mato Grosso passou pela sua maior seca da história, afetando diretamente na plantação no estado.
Em entrevista ao Canal Rural, o produtor Diego Dallastra disse na época que “cerca de 40% da soja avançou o mês de novembro. Atrasou muito o plantio. As lavouras do início do plantio estão sofrendo, porque nas última três semanas tivemos praticamente só uma chuva”.
O pedido protocolado pelo Terra Fértil surgiu como a única alternativa para contornar a crise e manter o funcionamento de suas operações. Além disso, segundo os advogados da empresa, a medida visa não apenas o ajuste financeiro do Terra Fértil, mas também a proteção dos empregos e da cadeia produtiva associada.
Composição da dívida do Terra Fértil
Segundo o advogado Tarcísio Cardoso Tonhá Filho, do escritório Frange Advogados, um dos responsáveis pela defesa do Grupo Terra Fértil, aproximadamente 80% da dívida é com instituições financeiras. Os bancos estatais (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) lideram entre os credores. O grupo também tem dívidas com revendas.
Além dos problemas com a safra do ano passado, a companhia assumiu as dívidas obtidas do negócio em conjunto entre Vilson Andriollo, um dos donos do grupo, e Olmiro Andriollo, seu pai, após a morte do patriarca em 2021. No total, R$ 40 milhões foram incorporados.
Agronegócio segue cercado por incertezas
Somente no segundo trimestre deste ano, as empresas ligadas ao agronegócio registraram 94 pedidos de recuperação judicial. Um aumento de 22% comparado aos três primeiros meses do ano, segundo levantamento da Serasa Experian. Os estados com a maior quantidade de solicitações são: Goiás e São Paulo, com 16 pedidos cada.
Além disso, os produtores rurais que atuam como pessoas jurídicas também estão se endividando cada vez mais. Segundo a Serasa, os pedidos aumentaram 40,6% entre abril e junho deste ano, totalizando 121 solicitações. Na comparação anual, o aumento foi de 256%.
Caso Agrogalaxy acendeu alerta no mercado
Em setembro, a Agrogalaxy (AGXY3) entrou em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 4,7 bilhões. A empresa que abriu capital em 2021 perdeu 94% do seu valor de mercado desde então, e agora lida com uma crise financeira que pode culminar até mesmo no calote a investidores que compraram certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) da empresa.
O caso foi tema de um episódio recente podcast Ligando os Pontos, com Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado. Na ocasião, ele abordou a situação da empresa e comentou sobre a falta de transparência de empresas da Bolsa.
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