Hamas adia libertação de reféns; Israel põe Exército em alerta

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O frágil cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas enfrenta nesta segunda (10) uma nova crise, com acusações mútuas de violação dos termos da trégua em vigor desde o dia 19 de janeiro.

 

No fim da tarde (começo da tarde no Brasil), o Hamas anunciou que não irá soltar a próxima leva de reféns, conforme estava previsto para o sábado (15), até que Israel “cumpra o que foi acordado” no cessar-fogo.

“A ocupação [Israel] atrasa o regresso dos deslocados ao norte de Gaza e os ataca com tiros e bombardeios. Há falha no fluxo de suprimentos de socorro em todo o território”, afirmou a ala militar do Hamas, em nota no Telegram.

O ministro Israel Katz (Defesa) reagiu, dizendo que não soltar reféns implica violação grave dos termos da trégua. Ato contínuo, determinou “alto nível de alerta do Exército de Israel” em Gaza e para “proteger nossas comunidades”.

Este é o pior nível de tensão entre os rivais desde que a guerra iniciada com o ataque palestino de 7 de outubro de 2023 ganhou sua segunda e até aqui mais duradoura pausa, no fim de janeiro. Nessas últimas três semanas, houve acusações de lado a lado, mas não nesse nível de agressividade retórica.

O Hamas não citou diretamente outro fator de acirramento dos ânimos, o plano apresentado por Donald Trump no qual o presidente americano diz que será “dono” de uma Faixa de Gaza entregue por Israel aos Estados Unidos para ser reconstruída.

No processo, disse o americano em tom cada vez mais incisivo, os palestinos terão de deixar suas casas e nunca mais voltar, sendo assentados preferencialmente em países árabes vizinhos, como Egito e Jordânia, que refutam a ideia como uma limpeza étnica.

O governo de Binyamin Netanyahu, por sua vez, aplaudiu a ideia que é apoiada pela ultradireita que o sustenta no Parlamento. O ministro Katz até pediu ao Exército que preparasse um plano para a retirada, dizendo ele ser voluntária, de palestinos de Gaza.

O Hamas e a liderança nominal palestina na Cisjordânia rejeitaram o plano, e famílias dos 76 reféns israelenses tomados no 7 de Outubro ainda em poder do grupo terrorista expressaram sua preocupação no impacto do complicado processo de libertação deles.

Até aqui, foram devolvidos a Israel 16 dos 33 reféns que foram incluídos nas negociações da primeira fase da trégua, em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos.

Diálogos em Doha ocorreram neste fim de semana sob tensão devido às falas de Trump e às condições humilhantes da libertação dos israelenses, exibidos como troféus em palanques.

Essa fase do cessar-fogo deverá durar ao todo seis semanas, e depois o número incerto de talvez mais 30 reféns vivos será negociado. Só daí o futuro de Gaza seria colocado na mesa, mas a essa altura ninguém sabe como se dará tal processo. Com a nova tensão, tudo isso pode ficar em suspenso.

Ao todo, o Hamas matou 1.200 pessoas e sequestrou outras 251 no 7 de Outubro. Ao todo, 179 reféns foram soltos, numa primeira trégua em novembro de 2023, em ações militares e agora. Dos 76 ainda em Gaza, estima-se que 35 estejam mortos.

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