Via @diariodonordeste | Um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Ceará, investigado por ameaçar a ex-esposa no âmbito da Lei Maria da Penha, foi promovido. O inspetor Cleyton Graça de Sousa foi nomeado no início deste mês de novembro para exercer a função de chefe da Delegacia da PRF, em Sobral, no Interior do Estado.
A reportagem não conseguiu contato com o agente Cleyton, e segue com espaço aberto para possíveis futuras manifestações.
Este mesmo agente chegou a ser investigado por supostas extorsões, no ano de 2018, enquanto estava como chefe da Delegacia da PRF de Canindé. Na época, o Diário do Nordeste noticiou sobre as suspeitas que o homem vinha extorquindo, ameaçando agentes e ainda sobre denúncias que ele desrespeitava a determinação da lei de dedicação exclusiva à função.
Por nota, a PRF disse que “em relação à suposta violência contra a mulher, tem conhecimento de que o processo judicial foi arquivado pela Justiça Estadual em 14 de junho de 2024, sem julgamento do mérito”. No entanto, a reportagem apurou junto ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) que “o caso não foi arquivado pelo Poder Judiciário” e que “os autos tratam-se de inquérito policial, que é de responsabilidade da Polícia”, conforme posicionamento do Tribunal.
Sobre este caso, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) disse “que segue investigando uma denúncia de injúria registrada na Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza”.
A Polícia Rodoviária Federal disse ainda que por parte da Corregedoria interna do órgão “não existiu procedimento apuratório, já que os fatos denunciados estariam no âmbito da vida privada e não funcional”.
Após os posicionamentos do TJCE e da PCCE, a reportagem voltou a questionar a PRF, que disse ratificar as informações.
“VOCÊ ACHOU UM INIMIGO”
Em 2022, o agente federal foi denunciado pela ex-esposa na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A reportagem apurou que na época o homem supostamente teria coagido a vítima para reatar relacionamento e chegou a dizer a mulher que se ela não voltasse com ele, ela passaria por problemas financeiros e que ele cortaria o plano de saúde do filho do casal.
A mulher pediu medida protetiva de urgência e, dias depois, retornou à delegacia para comunicar que continuava sendo ameaçada pelo ex e que agora ele também ameaçava a mãe e a irmã dela: “nem que eu dê um tiro e mate ela”.
“Você achou um inimigo, você avisa a ela que eu vou fazer pior agora e manda chamar a Polícia”, teria dito o policial suspeito de violência doméstica.
Dias depois, o 2º Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher deferiu a medida protetiva.
A reportagem apurou ainda que em 2023 o Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu mais esclarecimentos sobre as ameaças. A Justiça determinou encaminhar os autos à Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza, ainda no ano passado, e depois disso não houve mais movimentação.
SUPOSTA EXTORSÃO
Em 2018, o Diário do Nordeste noticiou que Cleyton Graça de Sousa vinha sendo investigado por supostas irregularidades que teriam sido cometidas no exercício do cargo. Na época, a reportagem recebeu denúncias, com provas materiais, de que o agente de segurança cobra uma meta de autuações – como registro de multas por crimes de trânsito – aos policiais rodoviários da Delegacia, desde que assumiu a função, no fim de 2017.
De acordo com a denúncia, caso os profissionais não cumpram a meta, o chefe ameaça transferi-los de unidade ou até mesmo enviá-los para um curso de reciclagem. Em uma conversa na rede social WhatsApp, Cleyton Sousa cobra “produtividade” a um policial.
Na época, o agente disse à reportagem que: “isso é conversa. Nem no Ceará estou. Eu estou afastado por um curso de gestão, em Santa Catarina. A única meta que a Delegacia tem é fiscalização, que é normal do policial. A multa é consequência da fiscalização. Isso não existe da minha parte, nem da Superintendência”, rebateu.
De acordo com a PRF, “em relação ao questionamento sobre supostos crimes de extorsão, a PRF no Ceará informa que não recebeu denúncia contra o servidor sobre conduta delituosa, não havendo, portanto, investigação ou procedimento disciplinar sobre o tema. Acrescenta-se, de igual forma, que não é do conhecimento desta Superintendência a existência de processo judicial sobre tais fatos”.
Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br