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As duas maiores gestoras de ativos do mundo, BlackRock e Vanguard, estão desviando suas rotas e abandonando a onda dos investimentos ESG, ligados a boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.
Segundo o relatório anual de governança da BlackRock, que gerencia cerca de US$ 9 trilhões em ativos, a gestora apoiou apenas 4% das 493 propostas de acionistas voltadas para práticas ESG. Em 2021 e 2022, as aprovações chegavam a 47%, depois caíram para 7% em 2023.
A Vanguard, com US$ 7 trilhões sob gestão, segue o mesmo caminho. Em seu relatório de 2023, a empresa apoiou apenas 2% das iniciativas ESG, uma queda em relação aos 12% do ano anterior.
Os caminhos do dinheiro são o tema do novo episódio do podcast Ligando os Pontos, com Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado.
ESG no Brasil
A situação é ainda mais complexa no Brasil. O Índice ESG da B3, que mede o desempenho de empresas com boas práticas sustentáveis, continua apresentando queda de 1,8% até esta segunda-feira (26), enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registra uma leve alta de pouco mais de 2%.
No contexto do mercado brasileiro, a forte presença de empresas como Petrobras e Vale no Ibovespa — que não são reconhecidas por suas práticas sustentáveis — dificulta a criação de carteiras de investimento focadas em ESG. Empresas sustentáveis, como Weg, Engie e Rede D’Or, têm uma representação muito menor no índice, com menos de 6% do total.
Mudanças no cenário global
O cenário global também está passando por transformações. A guerra na Ucrânia e a crise energética na Europa forçaram uma reavaliação das prioridades de investimento, com o foco voltando-se para a segurança energética, muitas vezes em detrimento de práticas ambientais rigorosas.
Além disso, empresas como Salesforce e Best Buy, que antes divulgavam metas de inclusão social, agora estão optando por não revelar esses objetivos, sinalizando uma possível retração na transparência relacionada as práticas ESG.
Apesar dessas mudanças, é importante destacar que a pressão por práticas sustentáveis ainda existe. Recentemente, 8.000 acionistas da Vanguard assinaram uma carta exigindo maior comprometimento da gestora com os temas ambientais. No entanto, o futuro dos investimentos ESG parece incerto, com os gigantes do mercado dando sinais claros de que estão mudando de direção.
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