Entendo. Nunes não pode comparecer porque estará empenhado em garantir o nosso bem. Tenho de conter uma furtiva0 lágrima.
O governador e o prefeito tiveram a quarta-feira inteira para tomar essa decisão, mas só o fizeram no começo desta madrugada, depois que os respectivos trackings dos oponentes estavam consolidados. Tanto Nunes como Boulos sabem que o apagão em São Paulo mexeu nos números, encurtando a distância entre os dois.
Na primeira pesquisa Datafolha, divulgada na quinta passada, com dados colhidos nos dias 8 e 9, o retrato feito pelo instituto indicava uma diferença de 22 pontos: 55% a 33% para o prefeito. Na Quaest de ontem, com entrevistas feitas entre os dias 13 e 15, depois da chuva, do vento e do apagão, a diferença era de 12 pontos: 45% a 33%. Não estou comparando os números dos dois levantamentos. Aponto que são fotografias bastante distintas. Nesta quinta, há um novo Datafolha.
A eleição ocorre daqui a dez dias. Os que lidam com campanhas eleitorais temem como ao demônio a chamada “onda dos últimos dias”, especialmente quando existe um evento com força potencial para mudar tendência, ainda que pareça consolidada.
O evento existe, e os números estão se mexendo. Se tem poder de interferir para valer no resultado, bem, é o que se vai ver. Que Nunes, sua turma e o próprio Tarcísio — que também resolveu assinar a desculpa esfarrapada — estão com medo, bem, não preciso eu demonstrá-lo. Prova-o a própria fuga.
Como sabem, a Enel, a concessionária que responde pela distribuição de energia em São Paulo, virou a personagem imprevista da disputa. Na noite de ontem, passavam de 70 mil os endereços ainda sem energia. E assim amanhecerão, entrando no sétimo dia.
Publicitário e Jornalista.