As emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem estão rapidamente levando nosso planeta para um clima nunca visto nos últimos 120 mil anos, desde a última Era Interglacial. Monitoramentos por satélites já mostram a instabilidade crescente da camada de gelo da Groenlândia, sugerindo que seu tipping point está se aproximando.
As estimativas atuais para um limite crítico para o manto de gelo da Groenlândia variam de 0,8°C a 3°C de aquecimento global de longo prazo em relação aos níveis pré-industriais (1850-1900), sendo 1,5°C o valor mais provável. Dados paleoclimáticos revelam que, durante o estágio interglacial MIS-5, entre 130 mil e 80 mil anos atrás, a Groenlândia perdeu parte significativa de seu gelo, e que o colapso total ocorreu no estágio MIS-11, entre 424 mil e 374 mil anos atrás. Nesse período, o planeta estava entre 1°C e 2°C mais quente do que nos níveis pré-industriais. No final do último período interglacial, cerca de 120 mil anos atrás, o nível do mar era até 9 metros mais alto, principalmente pelo derretimento da Groenlândia.
A criosfera é uma das áreas do sistema terrestre mais vulneráveis às mudanças climáticas, com suas camadas de gelo já sendo afetadas pelos níveis atuais de aquecimento. A última década foi a mais quente que testemunhamos, e 2023 foi o ano mais quente já registrado pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), com a temperatura média global 1,45°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).
Em setembro de 2024, a temperatura global foi 1,54°C mais alta em comparação com os níveis pré-industriais. Foi o 14º mês, em um período de 15 meses, em que a temperatura média global ficou acima de 1,5°C, segundo o observatório europeu Copernicus. Com um aquecimento superior a 2°C, diversos sistemas, incluindo a camada de gelo da Groenlândia, poderão ultrapassar o ponto de não retorno.
O manto de gelo da Groenlândia é uma camada de gelo continental terrestre com uma área de 1,71 milhão de quilômetros quadrados. Seu derretimento é um problema grave que pode ter consequências dramáticas para nosso planeta. A perda de massa atualmente observada ocorre predominantemente por meio do derretimento superficial e quebra de bordas de icebergs.
A maior parte da água doce da Terra é armazenada nas camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, as maiores fontes potenciais para o aumento do nível do mar sob o aquecimento global. Se a camada de gelo da Groenlândia derretesse completamente, os oceanos podem subir até 7 metros, afetando diretamente as áreas costeiras e insulares, além de comprometer infraestruturas e ecossistemas.
Publicitário e Jornalista.