O problema não é exclusivo dos brasileiros. A revista científica The Lancet lançou um editorial alertando para o fato de que a adição em jogos constitui um problema de saúde pública.
De acordo com o periódico, os jogos são “uma ameaça à saúde pública negligenciada, pouco estudada e em expansão. O jogo não é uma simples atividade de lazer; é um comportamento viciante prejudicial à saúde. Os danos associados ao jogo são abrangentes, afetando não só a saúde e o bem-estar de um indivíduo, mas também seus bens materiais, relacionamentos, famílias e comunidades, com potenciais consequências para toda a vida e aprofundando as desigualdades sociais e de saúde.”
Um estudo também publicado pela The Lancet alerta para o fato de que 1,4% dos adultos do mundo têm o chamado transtorno do jogo, reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Os pesquisadores concluíram que os jogos são um problema predominante no mundo todo, e que uma proporção substancial da população se envolve em jogos de azar. Para eles, os formatos online têm crescido exponencialmente, trazendo uma série de danos à saúde pública.
Elizabeth Carneiro, especialista em dependência clínica pela Unifesp e diretora da Clínica Espaço Clif, em entrevista concedida à repórter Beatriz Zolin, do Portal Drauzio, afirmou: “A máquina caça-níquel é uma das mais aditivas, porque o reforço é imediato. Você sabe se ganhou ou se perdeu imediatamente. A rapidez do reforço é o que determina o potencial de dependência. Agora, o que você tem é um caça-níquel ambulante, porque se não está rolando o jogo de futebol, está rolando o de vôlei. Então você pode jogar o dia todo”.
De fato, basta uma rápida pesquisa na internet para nos depararmos com uma infinidade de jogos online envolvendo apostas e dinheiro. Também há inúmeros relatos de parentes de jogadores afirmando que seus familiares contraíram dívidas impagáveis em apostas online.
Publicitário e Jornalista.