Candidato a vereador mais votado nas eleições municipais de 2024, eleito com 161.386 votos para a Câmara Municipal de São Paulo, Lucas Pavanato (PL) diz que a mudança climática é tratada com exagero e histeria por ambientalistas, e que “a cada dez anos surge uma nova previsão apocalíptica que nunca se concretiza.”
As afirmações foram feitas ao blog Ciclocosmo durante a primeira de quatro entrevistas sobre políticas de mobilidade urbana com vereadores eleitos na capital paulista.
Com perguntas idênticas, as entrevistas serão publicadas ao longo desta semana.
Além de Pavanato, estreante nas eleições municipais, foram entrevistados Ricardo Teixeira (União Brasil), que iniciará seu sexto mandato de vereador, Renata Falzoni (PSB), eleita pela primeira vez após duas tentativas para o cargo, e Silvia Ferraro (PSOL), reeleita como representante da Bancada Feminista.
O GPS partidário da Folha foi usado para definir o equilíbrio entre os nomes escolhidos, com dois representantes de partidos de direita e dois da esquerda. Também foi considerado um político reeleito e um novo eleito de cada campo ideológico.
Leia, a seguir, a entrevista com Lucas Pavanato.
Segundo o Painel Intergovernamental para a Mudança Climática, carros e motos contribuem com 75% das emissões de CO2 do setor de transporte. Qual a solução? Descentralizar os postos de trabalho, usando incentivo fiscal para levar empresas para a periferia, diminuindo assim o fluxo de carros na cidade.
A lei do Programa Bike SP, que prevê remunerar quem troca o transporte motorizado por bicicleta, existe desde 2016 mas ainda não foi implementada. O senhor pretende atuar para sua implementação? Esse programa é uma estupidez. É um gasto de dinheiro público que não resolve o problema e privilegia apenas os que podem andar de bicicleta, que moram em lugares viáveis para se pedalar. E essas pessoas [que se locomovem de bicicleta] já têm uma condição financeira boa. Transferir dinheiro público para essas pessoas não é a solução.
O senhor concorda que a redução dos limites de velocidade é necessária para diminuir as mortes no trânsito de São Paulo? Li estudos que mostram que a redução de velocidade não necessariamente reduz as mortes. Acho que uma medida importante é a ampliação das faixas azuis para motos.
O senhor pretende atuar para aumentar e melhorar a malha cicloviária da cidade? Sim. Nos lugares onde é propício se locomover de bicicleta, é uma alternativa viável. Aumentar a malha cicloviária ajuda [o trânsito], mas apenas em pequena escala. Não é uma solução definitiva.
Muito se fez pelo asfalto, mas a condição das calçadas continua ruim. O senhor tem a solução para esse problema? A solução é simples. Maior fiscalização e destinação de emendas mais adequadas. Hoje, a destinação de emendas dos vereadores acaba favorecendo interesses pessoais, em alguns casos. Enquanto vereador, posso garantir: minha destinação de emendas vai ser técnica.
Como resolver a precariedade do setor de entrega por aplicativo? Era precário antes dos aplicativos. Agora há uma gama maior de comércio, e os entregadores conseguem ter uma renda maior. Obviamente têm os riscos, por isso defendo a ampliação da faixa azul, para garantir a segurança dos motoboys.
O senhor é a favor da tarifa zero? Se sim, como amplia-la? Não sou a favor. A tarifa zero é uma ilusão vendida pela prefeitura. Quem acaba pagando sempre é o contribuinte. Pessoas que não usam o transporte público vão pagar para os outros. Isso é injusto. Defendo a revisão das licitações, com uma concorrência maior e maior qualidade de serviços. O atual modelo favorece apenas 5 empresas. A solução é descentralizar o poder.
O senhor acredita nas mudanças climáticas? Acredito nas mudanças climáticas, mas também acredito que existe uma histeria dos ambientalistas que exageram esses problemas. A cada dez anos surge uma nova previsão apocalíptica que nunca se concretiza. O mundo tem problemas ambientais, mas não podemos abandonar outros problemas importantes, como o combate à pobreza.
RAIO-X
Lucas Pavanato, 26
Nascido em Sorocaba (SP), reside na cidade de São Paulo há 8 anos. É formado em administração de empresas pela universidade Anhembi Morumbi. Estreou na política nas eleições de 2022, quando foi eleito deputado suplente na Assembleia Legislativa de São Paulo. Se identifica com a direita. Seu partido, o PL, é enquadrado como o segundo mais à direita do país, de acordo com o GPS partidário da Folha.
A entrevista com Renata Falzoni será publicada na quarta (16). Em seguida, na quinta (17), é a vez de Ricardo Teixeira. A entrevista com Silvia Ferraro fechará a série na sexta (18).
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Publicitário e Jornalista.