Qual a estratégia de Ronaldo para emplacar candidatura à presidência da CBF

(UOL/FOLHAPRESS) – Ronaldo Fenômeno vai se candidatar à presidência da CBF. Ou pelo menos tentar, quando o processo eleitoral começar. De todo modo, a campanha do ex-jogador terá um pontapé inicial, efetivamente, em janeiro de 2025.

 

Ronaldo tem uma tarefa complicada de furar a bolha das federações estaduais e entender melhor as demandas delas. Para isso, planeja uma viagem pelo Brasil para conversar de forma direta com os cartolas que detêm o maior peso dos votos na eleição da CBF.

O mandato do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, termina em março de 2026.

Pelas regras eleitorais da CBF, Ronaldo precisa minimamente do apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes. Sem isso, não adianta só querer: ele não vai conseguir nem entrar na disputa.
Hoje, nenhuma das federações se coloca como oposição a Ednaldo -embora haja insatisfação de algumas delas com a gestão atual.

Só que ninguém quer puxar a fila para nadar contra a corrente e eventualmente sofrer retaliações políticas e financeiras. Nem a Federação Paulista. Reinaldo Carneiro Bastos, quem mais reclamou do calendário de 2025, não foi procurado por Ronaldo.

Para entender a relevância do tour pelos estados: o peso dos votos das federações é três. Dos clubes da Série A, dois. Dos clubes da Série B, um. Então, é possível vencer uma eleição só com os votos das federações.

Ronaldo aposta no projeto que vai apresentar, no prestígio que tem como ex-jogador da seleção e por ter um bom trânsito na Fifa. Não por acaso esteve com o presidente Gianni Infantino no sorteio do Super Mundial de Clubes do ano que vem.

Mas isso não quer dizer que a Fifa seria um apoio certo numa briga contra Ednaldo, até porque a entidade resguardou a cadeira do dirigente quando ele saiu do poder temporariamente por uma decisão judicial, em dezembro de 2023.

Nos bastidores, a campanha de Ronaldo evita se associar a figurões antigos da CBF, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero.

Pessoas que participaram do pré-processo eleitoral mais recente -quando Ednaldo foi temporariamente afastado — apontam que os dois ex-chefões da CBF já não têm essa influencia toda sobre as federações. Talvez até atrapalhem mais do que ajudam.

Sem uma oposição organizada, Ednaldo é quem tem dado as cartas entre as federações, até por ter a caneta na mão.

Em relação aos clubes, o passado recente como dono da SAF Cruzeiro coloca Ronaldo em uma posição mais próxima aos dirigentes.

E falando nisso, o plano de candidatura se torna viável para o Fenômeno porque ele já tem engatilhada a venda do Valladolid, na Espanha. A presidência da CBF é incompatível com propriedade de clube.

Ronaldo entende que a hora é oportuna para se lançar como candidato pelo momento da seleção brasileira e por entender que há uma queda de prestígio brasileiro lá fora.

O Fenômeno também considera que pode ser um caminho de modernização da gestão e vai se pintar como uma evolução. Mas sem apostar no discurso de implosão do sistema. Até porque precisa dele para ser eleito.

“O momento ajuda, é uma oportunidade. Me sinto preparado para novos desafios. Vamos ver no que vai dar. Se eu tiver a chance, oportunidade de concorrer em uma eleição justa, estarei preparado para assumir esse desafio”, disse o Fenômeno, antes da despedida de Adriano Imperador, no Maracanã.

Ronaldo se coloca também como alguém que não precisa, mas está disposto a entrar nessa briga política.

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