Serial killer de Maceió tirava fotos em cemitérios onde vítimas foram enterradas

Via @portalg1 | O assassino em série Albino Santos de Lima, que matou pelo menos 10 pessoas em Maceió, costumava fazer fotos nos túmulos de suas vítimas, enterradas em cemitérios públicos de Maceió. Dos dez assassinatos, ele confessou 8. A Polícia Civil acredita que o número de mortos possa ser ainda maior.

O g1 teve acesso a duas dessas fotos. Em uma, o assassino faz uma selfie na frente da capela do Cemitério de São José, o maior cemitério público da capital. Outra foto armazenada no celular dele é a de um túmulo, no mesmo cemitério.

Pela data das fotos, a Polícia Civil acredita que os túmulos sejam do casal Debora Vitoria Silva Dos Santos, 21 anos e John Lenno Santos Ferreira, 20 anos. Eles foram mortos a tiros em dezembro de 2023. A polícia não sabe o motivo de Albino Santos de Lima tirar fotos dos túmulos.

A polícia concluiu quatro inquéritos e indiciou o serial killer de Maceió por homicídio qualificado nos quatro casos (confira o vídeo aqui). Entre os casos, está o assassinato de Beatriz Henrique da Silva, uma empregada doméstica de 25 anos morta a tiros, em 15 de dezembro de 2023, enquanto dormia com o filho no colo. A criança não ficou ferida.

Ao todo, nove inquéritos foram abertos para investigar cada crime individualmente. Além do inquérito de Beatriz Henrique, que foi divulgado na última quinta-feira (21), também foram concluídas as investigações das mortes do barbeiro Emerson Wagner da Silva, 17 anos e das estudantes Ana Clara e Anna Beatriz, ambas de 13 anos.

Inquéritos reabertos

A Polícia Civil deu início à segunda fase das investigações. O objetivo é verificar se homicídios praticados há cerca de quatro anos em outra região da cidade também foram cometidos por Albino Santos. Se as suspeitas da polícia se confirmarem, esse número pode aumentar para 18 mortes.

As primeiras vítimas identificadas moravam na região da Ponta Grossa, em uma raio de 800 metros da residência onde ele foi localizado e preso.

“A partir da análise feita no aparelho celular dele, a extração feita pelo perito, verificou-se alguns homicídios que ele teria praticado no ano de 2019 e 2020, motivo pelo qual a Polícia Civil irá reabrir essas investigações tendo em vista essa nova prova.

Apesar do celular ter sido formatado, os peritos conseguiram recuperar credenciais de contas dele. Com essas credenciais foram recuperados arquivos de mídia. Entre eles, havia dois diretórios específicos: um chamado ‘odiada Instagram’ e outro, ‘morte especiais’.

Homem tirou foto na frente da capela de cemitério de Maceió — Foto: Reprodução

Defesa deu entrada na Justiça solicitando insanidade mental

A defesa de Albino Santos de Lima solicitou incidente de insanidade mental do cliente. A estratégia do advogado Geoberto de Luna é provar que seu cliente é um sociopata. O pedido foi analisado pelo juiz Geraldo Amorim que deu um prazo de cinco dias para que a Defensoria Pública envie os principais questionamentos a respeito da alegação da defesa para serem respondidas por um perito.

Se Albino for considerado inimputável, ele pode ser tratado em unidades de saúde, como os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), ou permanecer com a família já que, por resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os manicômios judiciários no Brasil não podem mais receber presos.

Pai de serial killer é indiciado por porte ilegal de arma

Peritos do Instituto de Criminalística comprovaram que as vítimas foram mortas com a mesma, uma pistola calibre 380 encontrada na casa onde morava no momento em que foi preso. A arma pertence ao pai de Albino, um militar da reserva. Ele foi indiciado nesta quinta-feira por porte ilegal de armas

“Ele [o pai] tinha um registro legal, digamos assim, da arma de fogo. Só que ele não pode emprestar a ninguém essa arma. O fato de você emprestar essa arma a alguém, mesmo que seja gratuitamente, já incide no crime de porte legal de arma de fogo. Se você emprestar uma arma a uma pessoa que não tem o porte, não tem o registro, aí a pessoa responde, que foi o caso”, explicou a delegada Tacyana Ribeiro.

Por Heliana Gonçalves, g1 AL
Fonte: g1