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A crise fiscal brasileira atingiu um ponto crítico. Segundo análise de Vinicius Torres Freire, colunista da Folha de S.Paulo, o Brasil nunca pagou tanto em juros da dívida pública: 6,7% do PIB em 2023, o equivalente a R$ 787,2 bilhões corrigidos pela inflação. Esse é o maior percentual registrado desde 1997, exceto durante a Grande Recessão de 2015 e 2016.
Receita insuficiente para cobrir despesas
Freire destaca que o governo arrecada 17,92% do PIB, mas suas despesas primárias — Previdência, saúde, educação e outros serviços — chegam a 19,81%. Esse déficit é agravado pelos altos juros, pagos com mais endividamento. A dívida bruta, que era de 55% do PIB entre 2006 e 2014, já alcança 77,3%.
Opções limitadas e riscos graves
As soluções tradicionais parecem insuficientes. Reduzir juros de forma forçada pode levar a inflação alta e fuga de capitais, enquanto cortes drásticos nos gastos públicos ampliariam a crise social. Freire alerta que, sem uma mudança estrutural, o Brasil corre o risco de enfrentar cenários semelhantes aos da Argentina, que levaram aos atuais cortes drásticos para ajuste de contas.
Um acordo que una direita e esquerda
A única saída viável, segundo o colunista, seria um “acordão nacional”, no qual a direita (ricos) aceitaria pagar mais impostos, enquanto a esquerda aceitaria cortes e controle de gastos. Esse pacto precisaria incluir uma reforma previdenciária profunda, revisão de benefícios fiscais e aumento da tributação sobre os mais ricos.
O colunista conclui que, sem esse consenso, a dívida pública seguirá em trajetória explosiva, tornando inevitável um ajuste drástico que causará inflação ou cortes brutais nos serviços essenciais.
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